Depois de tanto se informar sobre a origem dos jogos e seus malefícios é importante saber que a prevenção ainda é a melhor solução para que não se tenha problemas com o uso da tecnologia. PAIS!!!! Conversem com seus filhos!!! Não é só álcool e drogas que vicia! Mantenham o diálogo, ofereçam outras possibilidades de divertimento para seus filhos e não sintam-se culpados em colocar limites. Pois, como veremos na continuação do post, o tratamento ainda está em fase de estudos. Que essa leitura abra os olhos de todos nós para um problema eminente que vem chegando sorrateiramente em nossa sociedade.
Possíveis tratamentos e prevenção
O tratamento da dependência de jogos eletrônicos, apesar de estar em processo de aperfeiçoamento contínuo, é pouco conhecido pela população em geral. Existem modelos baseados na terapia cognitivo-comportamental, que é uma possibilidade psicoterapêutica para a dependência de jogos eletrônicos. Através de técnicas, comumente utilizadas nesta abordagem, é possível permitir ao paciente uma reestruturação cognitiva que o conduza a pensamentos adaptativos e, paralelamente, possa expandir o seu repertório de comportamentos saudáveis, resultando ao usuário uma melhoria significativa dos sintomas. O aspecto emocional do paciente é outro ponto a ser trabalhado pelo psicoterapeuta. Além disso, são realizadas técnicas que estejam vinculadas à motivação do paciente, enfatizando as potencialidades do jogador dependente, propiciando melhora na autoestima do usuário.
Estratégias de prevenção destinadas às crianças são citadas pela literatura científica como forma de evitar o aparecimento de sintomas da dependência de jogos eletrônicos. Apesar desse modelo interventivo ainda estar circunscrito principalmente nos países asiáticos, já se discute a expansão do acesso à informação sobre as dependências tecnológicas à sociedade, principalmente no Brasil, país que ainda está em seus primeiros passos no estudo das dependências tecnológicas (ainda que haja uma quantidade superior de estudos em relação à dependência de internet em solo nacional). Estratégias de prevenção vêm apresentando resultados notáveis, evitando a queda no rendimento escolar desses usuários, que é uma das áreas mais afetadas por quem apresenta uso problemático ou mesmo a dependência de jogos eletrônicos.
Existem centros especializados ao redor do mundo que já apresentam resultados satisfatórios com pacientes dependentes de algum tipo de desdobramento tecnológico (jogos eletrônicos, internet ou sexo virtual). Na Alemanha, um tratamento sistematizado chamado Short-Term Treatment of IA/CA (STICA) divide em três fases o processo de recuperação do paciente. A fase inicial consiste em uma psicoeducação diante dos mecanismos e efeitos da dependência de jogos eletrônicos; a fase intermediária propõe ao paciente identi ficar quais são os gatilhos disfuncionais, ou seja, o que leva o usuário a utilizar jogos eletrônicos, através do registro em diários, uso funcional por estratégias de resolução de problemas, elaborar atividades alternativas, automonitoramento e treinamento de habilidades; a fase final e a prevenção de recaída referem-se ao uso funcional da tecnologia e elaboração de ferramentas para que o usuário não apresente novamente essa psicopatologia.
Ajuda dos familiares
Sugere-se o acompanhamento de familiares no uso de tecnologia, especialmente de crianças e adolescentes, conscientizando-os sobre o uso de jogos eletrônicos durante a semana em que as aulas estejam ocorrendo, tempo de uso (independentemente do dia da semana, buscando um controle nesta atividade) e na sugestão de atividades de lazer que não estejam apenas relacionadas à realidade virtual. É importante oferecer para a criança ou adolescente outras possibilidades de atividades, pois se tiverem seu tempo ocioso, com certeza irão querer jogar.
Porém, apesar da recomendação dos pesquisadores sobre a possibilidade de os pais supervisionarem os seus filhos, ainda não houve uma adesão expressiva de familiares nesta ação, sendo o motivo principal o desconhecimento sobre o universo dos jogos eletrônicos. Em situações mais críticas, recomenda-se que os pais sugiram psicoterapia para os seus filhos.
Infelizmente, é frequente ouvir comentários equivocados de pais que justificam que é preferível permitir que o seu filho utilize jogos eletrônicos por diversas horas seguidas, como forma de evitar que eles saiam de casa, pelo fato "de o mundo ser perigoso". Ao invés da proteção sugerida pelos familiares, o que pode estar ocorrendo é o oposto, ou seja, a possibilidade de desenvolvimento de um transtorno psiquiátrico contemporâneo. Além de conversas com seus filhos sobre a sexualidade, uso de álcool e outras drogas, os pais também precisam relacionar em sua pauta a internet e os jogos eletrônicos que são, muitas vezes, os periféricos mais presentes na vida do adolescente.
A maior dificuldade no tratamento da dependência de jogos eletrônicos, além da carência de informações, é o processo de redução no tempo de uso dessa tecnologia. Nenhum modelo terapêutico, até então, propõe que o usuário deixe de utilizar por completo os jogos eletrônicos. E é nesse ponto que surge talvez a maior dificuldade para os profissionais da saúde, pois o usuário, depois do processo de tratamento, volta ao objeto relacionado diretamente ao seu transtorno (jogos eletrônicos e/ou internet). Apesar de este ser um dos fatores mais críticos no tratamento, pois ainda provoca constantes recaídas (a literatura científica menciona uma porcentagem de cerca de 20%), é o desfecho que tanto o paciente e o profissional de saúde buscam: o uso adaptativo de jogos eletrônicos.
... Então Pessoal,
o objetivo desses post foi chamar a atenção para uma realidade cada vez mais palpável em nossa sociedade e que esta passando despercebida por muitos pais, há uma possibilidade real de adoecimento na sociedade contemporânea. Mesmo que ainda não seja considerado um transtorno psiquiátrico, existem estudos substanciais, e cada vez mais pesquisadores estão detendo seus esforços no conhecimento desse fenômeno. É importante que os profissionais de saúde, usuários de jogos eletrônicos e a sociedade em geral que utilizam essa tecnologia possam estar cada vez mais informados sobre as psicopatologias do mundo virtual.
É necessário refletir que o ser humano pode utilizar os recursos atuais (jogos eletrônicos e internet), como importantes instrumentos no cotidiano, seja no campo lúdico, na comunicação em tempo real ou na pesquisa de trabalhos científicos. Porém, podemos estar, sem saber, diante de transtornos psiquiátricos que possuem um prognóstico negativo, ou seja, que ocorra um aumento de casos de dependentes de tecnologia nos próximos anos. Importante ressaltar, por fim, a necessidade urgente de que pesquisas sobre a dependência de jogos eletrônicos sejam desenvolvidas no Brasil.
Abraços à todos!
Ada.
Referências
Revista Psique - Editora Abril