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sexta-feira, 31 de maio de 2013

GAME OVER: Há solução!!!!

Ois!

Depois de tanto se informar sobre a origem dos jogos e seus malefícios é importante saber que a prevenção ainda é a melhor solução para que não se tenha problemas com o uso da tecnologia.  PAIS!!!! Conversem com seus filhos!!! Não é só álcool e drogas que vicia! Mantenham o diálogo, ofereçam outras possibilidades de divertimento para seus filhos e não sintam-se culpados em colocar limites. Pois, como veremos na continuação do post, o tratamento ainda está em fase de estudos. Que essa leitura abra os olhos de todos nós para um problema eminente que vem chegando sorrateiramente em nossa sociedade.

Possíveis tratamentos e prevenção

O tratamento da dependência de jogos eletrônicos, apesar de estar em processo de aperfeiçoamento contínuo, é pouco conhecido pela população em geral. Existem modelos baseados na terapia cognitivo-comportamental, que é uma possibilidade psicoterapêutica para a dependência de jogos eletrônicos. Através de técnicas, comumente utilizadas nesta abordagem, é possível permitir ao paciente uma reestruturação cognitiva que o conduza a pensamentos adaptativos e, paralelamente, possa expandir o seu repertório de comportamentos saudáveis, resultando ao usuário uma melhoria significativa dos sintomas. O aspecto emocional do paciente é outro ponto a ser trabalhado pelo psicoterapeuta. Além disso, são realizadas técnicas que estejam vinculadas à motivação do paciente, enfatizando as potencialidades do jogador dependente, propiciando melhora na autoestima do usuário.

Estratégias de prevenção destinadas às crianças são citadas pela literatura científica como forma de evitar o aparecimento de sintomas da dependência de jogos eletrônicos. Apesar desse modelo interventivo ainda estar circunscrito principalmente nos países asiáticos, já se discute a expansão do acesso à informação sobre as dependências tecnológicas à sociedade, principalmente no Brasil, país que ainda está em seus primeiros passos no estudo das dependências tecnológicas (ainda que haja uma quantidade superior de estudos em relação à dependência de internet em solo nacional). Estratégias de prevenção vêm apresentando resultados notáveis, evitando a queda no rendimento escolar desses usuários, que é uma das áreas mais afetadas por quem apresenta uso problemático ou mesmo a dependência de jogos eletrônicos.

Existem centros especializados ao redor do mundo que já apresentam resultados satisfatórios com pacientes dependentes de algum tipo de desdobramento tecnológico (jogos eletrônicos, internet ou sexo virtual). Na Alemanha, um tratamento sistematizado chamado Short-Term Treatment of IA/CA (STICA) divide em três fases o processo de recuperação do paciente. A fase inicial consiste em uma psicoeducação diante dos mecanismos e efeitos da dependência de jogos eletrônicos; a fase intermediária propõe ao paciente identi ficar quais são os gatilhos disfuncionais, ou seja, o que leva o usuário a utilizar jogos eletrônicos, através do registro em diários, uso funcional por estratégias de resolução de problemas, elaborar atividades alternativas, automonitoramento e treinamento de habilidades; a fase final e a prevenção de recaída referem-se ao uso funcional da tecnologia e elaboração de ferramentas para que o usuário não apresente novamente essa psicopatologia.


Ajuda dos familiares






Sugere-se o acompanhamento de familiares no uso de tecnologia, especialmente de crianças e adolescentes, conscientizando-os sobre o uso de jogos eletrônicos durante a semana em que as aulas estejam ocorrendo, tempo de uso (independentemente do dia da semana, buscando um controle nesta atividade) e na sugestão de atividades de lazer que não estejam apenas relacionadas à realidade virtual. É importante oferecer para a criança ou adolescente outras possibilidades de atividades, pois se tiverem seu tempo ocioso, com certeza irão querer jogar.

Porém, apesar da recomendação dos pesquisadores sobre a possibilidade de os pais supervisionarem os seus filhos, ainda não houve uma adesão expressiva de familiares nesta ação, sendo o motivo principal o desconhecimento sobre o universo dos jogos eletrônicos. Em situações mais críticas, recomenda-se que os pais sugiram psicoterapia para os seus filhos.

Infelizmente, é frequente ouvir comentários equivocados de pais que justificam que é preferível permitir que o seu filho utilize jogos eletrônicos por diversas horas seguidas, como forma de evitar que eles saiam de casa, pelo fato "de o mundo ser perigoso". Ao invés da proteção sugerida pelos familiares, o que pode estar ocorrendo é o oposto, ou seja, a possibilidade de desenvolvimento de um transtorno psiquiátrico contemporâneo. Além de conversas com seus filhos sobre a sexualidade, uso de álcool e outras drogas, os pais também precisam relacionar em sua pauta a internet e os jogos eletrônicos que são, muitas vezes, os periféricos mais presentes na vida do adolescente.

A maior dificuldade no tratamento da dependência de jogos eletrônicos, além da carência de informações, é o processo de redução no tempo de uso dessa tecnologia. Nenhum modelo terapêutico, até então, propõe que o usuário deixe de utilizar por completo os jogos eletrônicos. E é nesse ponto que surge talvez a maior dificuldade para os profissionais da saúde, pois o usuário, depois do processo de tratamento, volta ao objeto relacionado diretamente ao seu transtorno (jogos eletrônicos e/ou internet). Apesar de este ser um dos fatores mais críticos no tratamento, pois ainda provoca constantes recaídas (a literatura científica menciona uma porcentagem de cerca de 20%), é o desfecho que tanto o paciente e o profissional de saúde buscam: o uso adaptativo de jogos eletrônicos.

... Então Pessoal,

o objetivo desses post foi chamar a atenção para uma realidade cada vez mais palpável em nossa sociedade e que esta passando despercebida por muitos pais, há uma possibilidade real de adoecimento na sociedade contemporânea. Mesmo que ainda não seja considerado um transtorno psiquiátrico, existem estudos substanciais, e cada vez mais pesquisadores estão detendo seus esforços no conhecimento desse fenômeno. É importante que os profissionais de saúde, usuários de jogos eletrônicos e a sociedade em geral que utilizam essa tecnologia possam estar cada vez mais informados sobre as psicopatologias do mundo virtual.
É necessário refletir que o ser humano pode utilizar os recursos atuais (jogos eletrônicos e internet), como importantes instrumentos no cotidiano, seja no campo lúdico, na comunicação em tempo real ou na pesquisa de trabalhos científicos. Porém, podemos estar, sem saber, diante de transtornos psiquiátricos que possuem um prognóstico negativo, ou seja, que ocorra um aumento de casos de dependentes de tecnologia nos próximos anos. Importante ressaltar, por fim, a necessidade urgente de que pesquisas sobre a dependência de jogos eletrônicos sejam desenvolvidas no Brasil.

Abraços à todos!
Ada.


Referências

Revista Psique - Editora Abril


quarta-feira, 29 de maio de 2013

GAME OVER: BENEFÍCIOS X PREJUÍZOS DE JOGAR

Olá Pessoal,

Estão curtindo a matéria? Até então falamos do surgimento dos jogos e o desenvolvimento deles para se tornar cada vez mais atrativos, agora vamos saber porque ele pode ser tornar tão maléfico.

Boa leitura!

Viés nocivo do jogo

Apesar dos diversos benefícios na prática dos jogos eletrônicos, apenas recentemente esse universo passou a ser estudado por outro viés: o do adoecimento psíquico. Pesquisadores revelam que a dependência de jogos eletrônicos possui chances de ser relacionada ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), com previsão de lançamento da sua quinta edição em 2013. Essa hipótese ocorreu devido ao resultado de pesquisas que revelaram que utilizar os jogos eletrônicos de forma excessiva provoca um aumento na atividade cerebral, em especial no córtex pré-frontal (área do cérebro responsável pelos pensamentos complexos e tomada de decisões), semelhante à fase de fissura dos dependentes químicos.


Em relação às causas que levam um indivíduo a desenvolver a dependência de jogos eletrônicos, não há estudos substanciais que respondam a essa questão. Toma-se como hipótese etiológica a vulnerabilidade mental, fatores biológicos (hereditariedade) e aprendizagens incorretas ao longo da vida, devendo esta psicopatologia ser estudada através de uma perspectiva multifatorial. 

Estatística do jogo

Estudos demonstram que esse transtorno ocorre com maior frequência em indivíduos do sexo masculino, comumente em adolescentes e adultos. Há hipóteses que defendem que, quanto mais cedo o usuário tiver acesso aos jogos eletrônicos, maiores serão as chances de desenvolver essa psicopatologia no futuro.
Dados epidemiológicos sugerem que 3% dos usuários de jogos eletrônicos, em escala mundial, podem ser dependentes. O número de jogadores com uso problemático é ainda maior (uma forma mais branda de uso inadequado, mas que não possui sintomas suficientes para configurar uma dependência): 9%. No Brasil, ainda há uma substancial carência de dados referentes à ocorrência dessa dependência na população que utiliza jogos eletrônicos.

dependência

Observa-se, frequentemente, a ocorrência de diversas psicopatologias concomitantemente à dependência de jogos eletrônicos. A literatura científi ca menciona o uso de substâncias, os transtornos de ansiedade. Pesquisadores sugerem que esse quadro concomitante com a depressão ocorra devido à tentativa do usuário de aliviar os sintomas depressivos através da prática de jogos eletrônicos, como uma forma de escapismo. Entretanto, em diversos casos, o que ocorre é uma intensi ficação da dependência, o que vem chamando atenção dos profissionais de saúde no manejo de pacientes deprimidos que utilizam jogos eletrônicos de forma inadequada. Estudiosos ainda sugerem que possam existir outras comorbidades relacionadas à dependência de jogos eletrônicos, ainda que com frequência menor, como os transtornos de personalidade.








PARA SABER MAIS
Sintomas do dependente de jogos eletrônicos
A dependência pode ocorrer quando o usuário encontra-se incapaz de controlar a frequência e o tempo de uso de uma atividade que anteriormente era considerada inofensiva, demonstrando sinais de excesso nessa prática. Apesar de ainda não haver uma sistematização definida da sintomatologia referente a uma possível dependência de jogos eletrônicos, os sintomas mais aceitos atualmente são os propostos por Lemmens, Valkenburg e Peter (2009): saliência (utilização de jogos eletrônicos como atividade mais importante na vida do usuário, dominando seus pensamentos, sentimentos e comportamento); tolerância (tendência a aumentar o tempo de uso para obter satisfação); modificação do humor (irritabilidade, tristeza); retrocesso (emoções negativas ou efeitos físicos que ocorrem quando o jogador reduz ou descontinua o uso); recaída (tendência a tentar repetidamente reverter o padrão de tempo de uso, rapidamente restaurado após período de abstinência ou controle); conflito (problemas interpessoais, que podem envolver mentiras ou decepções); problemas na área social (piora no rendimento no trabalho, ambiente de estudo e socialização).    
                                                                                             





CONTINUA...

terça-feira, 28 de maio de 2013

GAME OVER - Parte II

Olá pessoal,

Como dissemos no último post, essa semana iremos tratar de um assunto bem atual e essa série de postagens tem como fonte a Revista Pisque da Editora Abril que ao falar do tema dos jogos eletrônicos, que vem causando tanta dependência principalmente em jovens e adolescentes, que até mesmo cogita-se que o tema esteja presente na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).

A reportagem trás como titulo: Transtorno psiquiátrico contemporâneo: Pesquisadores revelam que a dependência de jogos eletrônicos possui chances de ser relacionada ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), com previsão de lançamento da sua quinta edição em 2013



Vamos a leitura e a boas reflexões:

A HISTÓRIA DO JOGO

Os jogos eletrônicos, amplamente utilizados pelos seus usuários no século XXI, possuem um histórico relativamente recente. Considera-se o ponto de partida a década de 1950, com um brilhante trabalho de Alan Turing sobre modelos de inteligência artificial (IA) que revolucionariam a relação dos seres humanos com a tecnologia. Há cerca de 60 anos o seu trabalho consistia em testar a existência de "inteligência" nos computadores, o que pode ser entendido como um modelo primitivo de IA. Suas pesquisas representam a revolução de uma geração inteira, possibilitando avanços significativos no mundo tecnológico. Nos anos seguintes houve uma evolução constante nessa indústria, com a inserção dos videogames e, logo depois, os jogos de computador. As melhorias seguiam em velocidade notável, seja através do aperfeiçoamento dos gráficos, pluralidade dos gêneros de jogos eletrônicos (aventura, ação, esportes e estratégia, por exemplo), assim como o uso da internet para jogar on-line (comumente com vários jogadores, no modelo multiplayer).

Considera-se a indústria dos jogos eletrônicos como uma das várias disseminações da tecnologia que não possuem fronteiras, tratando-se de um território em ampla expansão. Contemporaneamente, tendo atingido, de forma direta ou indireta, uma significativa parcela da população mundial, os jogos eletrônicos são considerados um dos modelos lúdicos mais presentes no cotidiano de crianças, adolescentes e adultos jovens, independentemente do poder aquisitivo do jogador. Os jogos eletrônicos estão presentes nos mais diversos ambientes, seja nos lares, em lan houses e, atualmente, através de conexões wi-fi, e o jogador pode utilizar esse artefato em qualquer local que disponibilize rede de internet.

As novas tecnologias configuram-se, então, como uma realidade que não encontra barreiras para seu desenvolvimento, principalmente no sentido de conquistar o público jovem. Atualmente, há aparelhos que simulam odores, uso do corpo humano como um todo para poder jogar, além de imagens que dão a impressão de sair da tela do aparelho. Toda essa evolução tecnológica visa proporcionar novas experiências perceptivas e sensitivas aos jogadores, o que, frequentemente, tem sido motivo de preocupação de pais e educadores sobre sua influência na formação de crianças e adolescentes. Em paralelo, a diversão propiciada pelo mundo virtual é hipnótica. Esse elemento lúdico, frequentemente mencionado pelos usuários, é objeto de estudo de diversos pesquisadores. O brincar, condição que os jogos eletrônicos possibilitam, é constituinte da personalidade do jogador influenciando nos seus reflexos, tomada de decisões e interatividade

Considera-se a indústria dos jogos eletrônicos como uma das várias disseminações da tecnologia que não possuem fronteiras

Outros tópicos pesquisados pela comunidade científica em relação à indústria dos jogos eletrônicos são: a violência presente no mundo virtual e suas possíveis afetações cognitivas e comportamentais (já estudada com base na Teoria Social Cognitivade Albert Bandura e a Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici, por exemplo); o usufruto como possibilidade de aprendizagem (colégios que já inseriram os jogos eletrônicos no sistema educacional); catarse (mecanismo pelo qual o usuário utiliza os jogos como forma de dissipar a raiva, angústias e outras emoções negativas, propiciando um breve estado de relaxamento) e auxílio terapêutico (recurso utilizado na recuperação de pacientes acometidos por diversos tipos de psicopatologias).

Huesmann (2007) aponta que nesse ambiente, circunscrito por televisores, filmes, jogos eletrônicos, aparelhos celulares e computadores, tais artefatos acabaram por assumir um papel nuclear no cotidiano da sociedade. Segundo o pesquisador, independentemente de considerarmos essas mudanças positivas ou não, é notável que elas causam um impacto na construção de pensamentos e comportamentos dos indivíduos. Dessa forma, podemos refletir: de que maneira, então, esses utensílios cibernéticos interferem em nossas vidas?

Continua...

segunda-feira, 27 de maio de 2013

GAME OVER: Você sabe a hora de parar?

Olá pessoal!

O Blog essa semana irá discutir uma questão que está muito em alta entre muitos pais, familiares e escolas que convivem principalmente com adolescentes: o Vídeo-Game!




Vamos falar do ponto de vista da psicologia o que muitos pais tem reclamado, da falta de controle de seus filhos diante dos jogos eletrônicos.

Não percam essa serie de post que iremos discutir essa semana e se inteire desse assunto que vem assombrando muitos pais por aí!!!




 A frase mais comum de se escutar: "Só mais essa fase mãe"...










segunda-feira, 20 de maio de 2013

Por que as crianças francesas não têm Deficit de Atenção?


Pessoal,
Gostei muito desse texto publicado no Blog de uma professora que tive na faculdade e resolvi publica-lo para meus seguidores já que andamos falando de falta de atenção nas nossas crianças, como as coisas vistas de ângulos diferentes podem ter maneiras mais saudáveis e por que não, mais eficientes também... vejam essa reportagem e boas reflexões!

Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?
TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como Ritalina e Adderall.
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam oDiagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
A abordagem psico-social holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.
A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firme cadre- que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.

Texto original em Psychology Today