Encontros e desencontros sempre fizeram parte de nossa vida, assim como o amor, do qual ficamos à procura na esperança de que a qualquer momento encontraremos o ser amado, o complemento que falta para dar sentido a nossa vida. Um encontro perfeito calcado na idealização de uma garantia de felicidade eterna e numa completude jamais imaginada.
Freud, em um trecho citado no Mal estar da civilização, mostra-nos um pouco dessa completude que tanto buscamos no ser amado quando diz: “Quando um relacionamento amoroso se encontra em auge, não resta lugar para qualquer outro interesse pelo ambiente, um casal de amantes se basta a si mesmo(...)
Mas então, o que seria o amor?
O amor consegue ser simples quando o sentimos e complexo ao tentarmos descrevê-lo. Assim como a meta da pulsão é satisfazer-se, a meta do amor é encontrar-se. E nós, divididos como estamos, caminhamos infatigavelmente a procura da nossa outra metade.
O sujeito apaixonado percebe o outro como um Tudo e o ser amado passa a ser a causa animadora dos nossos próprios desejos. Na ilusão de um ser total completo, no qual nada falta, que lhe pode dar tudo e negar nada.
Nas relações amorosas, cria-se uma dependência do outro, um momento em que há um estado de fusão. A perda desse amor pode levar a uma desilusão, que vai demandar defesas narcísicas e marcar a personalidade. Marcará também a busca de um amor primitivo, com necessidade de fusão, talvez na tentativa de continuar o processo que foi interrompido.
A partir daí, podemos ver uma suposta causa de inúmeros sofrimentos de amor, onde o ser apaixonado tenta alcançar no outro um gozo impossível. O amor envolve a dependência e a possibilidade da perda. Tanto nos apanha em seus braços fortes e nos carrega rumo ao encantamento, como nos permite o contato com intensos sofrimentos.
Quando estamos em “busca do amor”, estamos em risco. Essa procura nos convida a fazer uma aposta onde nos colocamos em jogo, no qual estaremos fadados a perder ou ganhar. Diante desse convite que a vida nos oferece, será que estamos preparados para perder? A resposta, porém é clara, não estamos preparados para o fracasso!
A perda de um amor ou dificuldades em tolerar o sofrimento decorrente das frustrações das expectativas em um relacionamento amoroso, trás a nós um esvaziamento. Assim, buscamos reaver o que perdemos ou compensar aquilo que nos falta.
A desejada captura da ‘essência do outro’ na verdade refere-se à uma busca de nós mesmos. Sócrates no texto ‘Banquete’ leva seus ouvintes à conclusão de que o amor não pode ser belo, pois ama-se sempre aquilo que lhe falta e o amor, que ao belo sempre ama, (quem ama o feio, bonito lhe parece) só pode então ser destituído de beleza. Neste sentido o amor mostra uma de suas facetas mais narcísicas: a pessoa dirige seu amor ao que ‘ela própria gostaria de ser’, e porque não dizer como Sócrates: “ao que ela própria gostaria de possuir”.
Mas acima de tudo o que precisamos entender é que amar é também arriscar a viver em um mundo de possibilidades e que não podemos viver no lugar do outro algo que lhe é próprio, que não podemos apartar o sofrimento de quem quer que seja, no máximo, acompanhá-lo.
E diante de tantos desencontros, por que será que continuamos nossa incessante busca por nossa “cara metade”? Deixe sua opinião.
Ninguém consegue viver sozinho por isso todos buscam um amor, mas a questão é: será que estamos preparados para receber um amor de verdade?Acredito que antes de tudo é preciso que as pessoas estejam de bem consigo mesmas, se amem, sejam felizes e satisfeitas de estar em sua própria companhia. Quando isso acontece ao encontrarmos nossa cara metade fica mais fácil aceitá-la com todas suas qualidades e assim nos completarmos na união e nas realizações.
ResponderExcluirParabéns meninas por nos estimular as reflexões! Continuem assim...
Bom, já encontrei meu GRANDE AMOR! rsrs porém gostaria de compartilhar um pouquinho da minha opinião, baseada em alguns estudos enquanto estava na faculdade.
ResponderExcluirTemos basicamente 4 palavras gregas para se traduzir como amor. São elas:
Eros (físico, sexual): Esse tipo de amor pode até incluir algum sentimento verdadeiro, mas é, basicamente, atração física, desejo sexual e expectativa de satisfação pessoal. O eros apresenta-se como amor pelo outro mas é amor por si próprio. Casamentos construídos apenas sobre bases físicas e eróticas não duram muito... Antes do pleno envolvimento físico, os pretendentes precisam se conhecer nas áreas mais importantes da alma e do espírito. Para tanto, têm que namorar e noivar, por algum tempo, antes de se entregarem um ao outro, definitivamente, no casamento. O relacionamento sexual após o casamento será a coroação de um relacionamento consolidado, comprometido e crescente.
Storge (familiar): É o amor mais relacionado à família. A família moderna estrutura-se basicamente em torno do casamento, e nesse sentido, é uma família conjugal – sei que há a “família pós-moderna” e seus novos arranjos sociais (pais separados, casais homoafetivos, adoção pelos avós e outros). A relação familiar é algo extremamente COMPLEXA e DINÂMICA. Daí o amor se constituir em um desafio de escolha à cada dia: escolher amar o outro apesar das diferenças e do desgaste que muitas vezes a relação apresenta diante do fator tempo.
Philos (amizade): Neste nível, o amor é menos egoísta, mas ainda contempla o prazer, a realização e os interesses pessoais. Não deveria, mas... Normalmente, desenvolvemos amizades com pessoas cujas características nos agradam, cujos interesses intelectuais e gostos compartilhamos. Desejamos e esperamos que estes relacionamentos sejam agradáveis e nos beneficiem de algum modo. Damos, sim, amizade, atenção e ajuda, mas com alguma motivação egoísta. Mesmo assim, philos é um nível de amor mais elevado do que eros. Nesse nível, “nossa” felicidade é mais importante do que “minha” felicidade. Muitos casamentos comparativamente felizes são construídos nesse nível. É muito bom quando marido e mulher são amigos. Alguns maridos e esposas dizem que se amam, mas, no dia a dia, nem amigos eles são. Prova disto é que não têm sequer prazer e empolgação com a companhia, os interesses e assuntos um do outro.
Um casamento não pode sobreviver a menos que cresça pelo menos até ao nível do philos.
Ágape (amor incondicional): Esse tipo de amor não é alimentado pelo mérito ou valor da pessoa amada, mas por Deus. Ágape ama até mesmo quando a pessoa amada não é amável, não tem muito valor, não corresponde. Esse amor não é egoísta, não busca a própria felicidade, mas a do outro, a qualquer preço. Não dá 50% para receber 50%; dá 100% e não espera nada em troca. Ninguém pode amar desse jeito... a menos que Deus lhe dê esse tipo de amor. Ágape é amor divino! A partir daí, espera-se que o amor de Deus se manifeste através de nós, nos nossos relacionamentos, principalmente com o cônjuge. Isto não é fácil... Todos queremos ser amados... Fazemos de tudo para conseguir um pouco de amor... E o que acontece? Nossos esforços neste sentido acabam dificultando ainda mais as coisas; talvez até afastem de nós a pessoa cujo amor tanto almejamos. A duras provas, descobrimos que é preciso amar primeiro... com amor ágape!
Estou adorando os comentários! Obrigada por compartilharem com a gente a opinião e conhecimento de vocês!!!
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