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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Adolescentes e seus Ídolos!





Muito comum entre adolescentes é a adoração a algum artista, cantor ou banda. Por meio dessa escolha, eles até se agrupam para formar os fã clubes, que servem para trocar informações e a paixão por determinado personagem da TV, cinema ou música. Vemos esses adolescentes colecionarem fotos, artigos de revista, fazerem pastas com essas informações e guardá-las como relíquias, escrever cartas quilométricas e fazer loucuras para entregá-las. 
E o que dizer daqueles que se emocionam e chegam aos prantos em aeroportos, à espera de seus “ídolos”? Deixam, às vezes, de comprar algo de que realmente necessitam, para adquirir o recente lançamento ou o ingresso para um show, ocasião em que serão espremidos, destratados, acotovelados, inclusive correndo risco de vida em meio a uma multidão em transe. Mesmo assim, os fãs continuam espalhando aos quatro cantos que “amam” artistas com os quais não têm nenhuma intimidade, muito menos motivos para amar. Mas, de onde vêm esses sentimentos desenfreados?
O ser humano tem a necessidade inconsciente de criar e sustentar ídolos, para melhor viver ou, ao menos, sobreviver. Quando criança, a necessidade de liberdade e autonomia faz com que sonhemos com o dia em que estaremos livres das imposições de nossos pais e da sociedade. E transferimos nossos desejos para algum super-herói do momento, ou talvez, algum personagem de contos de fadas que atravessam os tempos. No início da adolescência, isso muda. Apesar de ainda sonhar com a liberdade, há uma briga interna entre corpo e mente em transformação, o que faz com que esse adolescente se inspire em ídolos de carne e osso, mas que, protegidos pelo escudo da fama, sejam intocáveis e, portanto, não lhes causem mal, uma vez que, nesta fase, há uma fragilidade maior e qualquer mágoa é desestruturante. Dessa forma, pode-se amar de forma plena, com uma entrega total, sem correr o risco do abandono. Afinal, na imaginação, o ídolo age e reage da forma como estipulamos e jamais trairá ou abandonará, pois quem está no comando da relação é quem o cria/imagina.
Na passagem da adolescência para a juventude, o normal é começar a construir uma relação mais verdadeira. Então, passa-se a flertar, “ficar”, namorar, e aí vêm as primeiras decepções com a realidade. Então, segue a vida, consumindo revistas de fofocas televisivas ou fotos sensuais, vivendo as cenas de um filme como se fizessem parte da vida real. E a vida real? Esta pode esperar ou até acontecer em paralelo, desde que não atrapalhe a fantasia.
Podemos entender a fuga da realidade como uma tentativa de amenizar a frustração, ou seja, diante de algo que não gostamos, ou não nos satisfaz, procuramos algo que, apesar de ilusório, nos agrada. Deparamo-nos então com a velha batalha entre o princípio da realidade e o princípio do prazer. Freud demonstrou que tanto os sonhos quanto as fantasias são processos visando avaliar a angústia.
A grande realidade é que tanto o público quanto os artistas seguem inconscientes desse jogo estabelecido em função da fama. A relação intocável firmada entre os dois parece ultrapassar o tempo; mudam os ídolos e o público, mas a relação continua a mesma. Provavelmente nunca mude. É o círculo da mente humana que se adapta à fantasia da época e segue sua fuga desenfreada das frustrações reais!
*Ada Melo é psicóloga formada pela PUC Minas em 2010 e especialista MBA pela UNA em 2012. É colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve às terças sobre infância e adolescência. Atua nas áreas clinica e organizacional pela abordagem psicanalítica. Leitura e cinema são seus maiores hobbies.
E-mail: ada_psique@yahoo.com.br

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