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Consultório de Psicologia - Eldorado/ Contagem - M.G.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Timidez na adolescência




 
A adolescência é uma fase que chega acompanhada de uma porção de dúvidas e inseguranças, pois o jovem passa por uma série de mudanças físicas e psicológicas que trazem questionamentos e autocríticas sobre sua imagem e suas ideias. Para quem já é tímido, essa fase pode acentuar o comportamento de retração social.
 
A timidez não é uma doença, mas sim um padrão de conduta relacionado com o medo do julgamento dos outros, receoso ao receber críticas, o tímido prefere não se expor ou se expressar.
 
O tímido tem um desconforto frente situações que envolvem interações sociais. Uma criança ou adolescente pode ter a chamada timidez crônica que é quando o indivíduo apresenta grande dificuldade para se relacionar com os outros em diversos tipos de situações sociais e não apenas em uma situação específica como, por exemplo, falar em público. Para aqueles que possuiem timidez crônica, "os outros" são vistos como uma verdadeira ameaça à sua integridade emocional. Nos casos mais severos de timidez, a simples ideia de ter que interagir com alguém é suficiente para desencadear o desconforto. A pessoa que apresenta timidez está preocupada com o que o outro pode vir a pensar sobre ela, sobre o que faz, sente ou fala. Sua atenção está focada quase exclusivamente em si mesmo.
 
Essa característica se torna um problema quando impede a pessoa de interagir com os demais ou em um nível ainda mais problemático esses sujeitos evitam a exposição social. O exagero da timidez é considerado uma fobia social, porque se manifesta em um grau que compromete a qualidade de vida da pessoa, ao ponto de impedir que ela saia de casa e evite todo tipo de situação que envolve relacionar-se com outras pessoas ou passar mal fisicamente por ter sido exposta a algo que teme.
 
Um dos sinais de timidez pode estar associado ou não ao rubor das bochechas e do pescoço, seu aparecimento é acompanhado de um sintoma que se caracteriza por sensação súbita de calor na região afetada. É comum também o tímido apresentar uma fala não fluente, gaguejar, usar baixo volume de voz, ter pouco contato visual com o interlocutor e usar pouca expressão corporal. O tímido pode também apresentar sudorese excessiva, tentar fugir da situação que o assusta, se escondendo no quarto ou sair correndo do ambiente que quer evitar por constragimento. Ele está excessivamente focado no julgamento que os outros farão, não confia em ser capaz de corresponder à expectativa do outro e constrói uma imagem negativa de si mesmo.
 
Um dos caminhos para ajudar o adolescente a lidar com isso é estabelecer um canal de diálogo com ele e mostrar quais são seus valores e as suas qualidades. Além disso, vale ensinar que receber uma avaliação negativa não deve ser encarado como o fim do mundo é preciso saber ser elogiado e saber ser criticado.
 
É necessário respeitar o comportamento de quem é tímido. Nem todo mundo nasceu para ser popular e comunicativo e essas características não devem ser tomadas como modelos de comportamento. Porém deve-se tomar cuidado para que a timidez não cause prejuízos ao adolescente, como levá-lo ao isolamento social ou comprometer o aprendizado na escola.
 
 
 
*Ada Melo é psicóloga formada pela PUC Minas em 2010 e especialista MBA pela UNA em 2012. É colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve às terças sobre infância e adolescência. Atua nas áreas clinica e organizacional pela abordagem psicanalítica. Leitura e cinema são seus maiores hobbies.
 
 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Crianças Competitivas






Vivemos em um mundo extremamente competitivo e que nos "obriga" a competir todo o tempo.Competimos por vagas no estacionamento, para ingressar na universidade, por vagas de emprego e para permanecer nele, por melhores escolas para nossos filhos e por aí vai. O fato é que cada vez mais cedo, estamos vivenciando a experiência da competição e passamos isso para as crianças que estão cada vez mais condicionados a competir e vencer desde pequenos.
 
Vejo muitas crianças que ao perder em uma brincadeira choram desesperadamente, deixando de lado o divertimento que a brincadeira deveria proporcionar, fazendo com que o jogo seja uma competição e não mais uma diversão. E muitos pais, despreparados, para que a criança pare com o choro fingem que ela ganhou ou até deixam que ela ganhe para não frustrarem os pequenos.
 
Ganhar e perder são circunstâncias da vida e aprender a administrá-las é um desafio para a criança. Ajudá-la a incorporar a ideia de se esforçar para vencer e se arriscar a fracassar, sem estimular a competitividade desenfreada, é um desafio também para os pais, que não devem menosprezar essas experiências dos filhos.
 
Muitas vezes instigamos as crianças para serem os melhores alunos, a fim de obter um melhor desempenho. Porém, em um contexto exclusivamente competitivo, não há percepção de que a vitória de um significa derrota para outros, o que pode impulsionar para um egocentrísmo fora do "habitual" da criança e essa terá muitas dificuldades em perceber que nem sempre se pode ganhar.
 
Por volta dos 8 anos que os jogos esportivos, as gincanas e as competições escolares se intensificam e a garotada fica mais sensível a êxitos e fracassos. Antes, os pequenos até entendem a derrota e a vitória, mas não as consideram como um fim, pois ainda estão muito envolvidos com a atividade em si mesma. Mas, a partir do 8 anos, a criança já ela também compreende melhor as regras que condicionam os jogos e percebe muito as diferenças entre ela e as outras e isso causa insegurança e ela precisa ir testando suas capacidades e seus limites. A competição ajuda a se ver em relação ao outro e claro que a experiência da vitória passa a ser muito significativa, mas a frustração também faz parte do processo.
 
A essa altura, os pais precisam ser duplamente cuidadosos. Por um lado, não podem minimizar a vivência da derrota, que é real para a criança. Por outro lado, devem estimular a persistência e a busca do melhor desempenho, sem cobrar vitórias a qualquer preço.  O problema é a exigência do sucesso, que elimina a possibilidade de errar, de refazer caminhos, de testar soluções diferentes. É um risco supervalorizar o acerto e subestimar o erro. O estímulo não deve ser à vitória, mas o esforço de quem se arrisca, de quem se expõe, inclusive ao fracasso. Claro que é um equívoco não preparar as crianças para competir, afinal, esta é nossa realidade, porém deve-se ter em mente o propósito de uma competição. Competitividade sim, no sentido de auto superação contra a acomodação e conformismo.
 
 
Esse texto e outros mais você encontra na Rede Psicoterapias (http://www.redepsicoterapias.com.br) onde são tratados de diversos temas relacionados a Psicologia.
 
 
 

terça-feira, 3 de junho de 2014

Síndrome de Peter Pan: Crescer pra que?







Na psicologia existe um fenômeno o qual foi dado o nome de síndrome de Peter Pan a qual foi utilizado a primeira vez por Dan Kiley, um psicólogo norte-americano em 1983, referindo-se a um atraso de decisões vitais como forma de evitar responsabilidades dos adultos.
 
Quando o ciclo no qual uma pessoa permanece estagnada é a infância, fala-se em síndrome de Peter Pan, em alusão ao personagem do escritor escocês James Matthew Barrie, criado em 1904 para uma comédia musical. Para quem não conhece a estória, Peter Pan era um menino que não queria crescer, vivia num mundo de fantasia a “terra do nunca” e nessa terra todos os sonhos eram possíveis.
 
O fato é que a vida da gente é toda feita de fases e é importante viver cada uma delas, desde brincar de bonecas até as loucuras da faculdade, da forma mais intensa e proveitosa possível, sem pular etapas e se privar de erros. Jovens que não se permitem viver sua juventude, se tornam pequenos adultos de roupa social. E mais tarde, já adultos, procuram retomar essa fase perdida e ter comportamento de adolescente aos 40!
 
Quando se vive o que tem que viver no momento exato da vida, a transposição de ciclos se torna mais fácil e crescer se torna mais leve, isso porque a etapa anterior não tem mais sentido. De fato seria perfeito viver apenas de jogar bola no campinho, empinar pipa na praia, ficar bêbado com os amigos, mas chega uma hora que colocar os pés no chão deixa de ser uma opção e se torna uma necessidade.
 
Nos campi universitários também há vestígios desta juvenilização. É cada vez maior o número de jovens que adiam sua formatura universitária (optando por intercâmbios ou iniciando outros cursos) a fim de adiar também as responsabilidades que se apresentam após este ritual de passagem: se tornar adulto, arrumar emprego, se adequar ao mercado de trabalho por si mesmo, sem o auxílio da faculdade, etc. Cada vez mais as pessoas adiam o casamento e ficam em namoros eternos com medo da responsabilidade de se formar sua própria família e sair da casa dos pais.
 
Infelizmente não dá pra se ter 20 anos o resto da vida. Crescer não nos dá muitas escolhas e não é uma tarefa fácil, juntamente com as rugas vêm as contas pra pagar, a profissão que exige cada vez mais ambição, o casamento e a família, e tudo isso precisa ser valorizado. O tempo passa, o ponteiro do relógio corre numa velocidade impressionante e nos resta acompanhar o ritmo das mudanças, senão corremos o risco de não só ficar para trás, como também de perder parcelas deliciosas desse novo ciclo que pede passagem. Ficar estagnado em determinado ponto da história, preso para sempre na Terra do Nunca, sem progredir, sem se dar a chance de descobrir o que há por detrás da porta por onde todas as crianças um dia deram adeus ao mundo da fantasia para adentrar de pés firmes na realidade, é perder inclusive, a oportunidade de ser feliz.
 
 
 
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