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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Querido John: Entendendo o Autismo e Asperger


“Querido John”, recente sucesso nos cinemas inspirado no livro de Nicholas Sparks nos chamou atenção para além da bela trilha sonora e da emocionante história romântica, por abordar um tema incomum nos filmes: a síndrome autista e de aspeger, síndromes muito parecidas, principalmente para quem apenas viu o filme, o que no livro fica mais claro, então resolvemos falar um pouquinho sobre esse tema.
Já de cara temos uma certa estranheza ao ver o comportamento dos personagens Allan e do pai de John, principalmente no que tange os relacionamentos sociais. O pai de John é metódico, tem horários pra tudo, seus dias são sempre iguais e tem um apreço muito grande por sua coleção de moedas. Já Allan é uma criança que não consegue estabelecer relações de amizades com mais ninguém a não ser com Tim e Savannah.
Esses personagens nos intrigam a querer saber, o que será que eles tem? Por que apresentam comportamentos diferenciados? É o que queremos discutir nesse texto.
Os sintomas apresentados pelos personagens são característicos de duas síndromes especificas: a síndrome autista e a síndrome de aspeger.
O autismo é um transtorno definido por alterações presentes antes dos três anos de idade. Caracteriza-se por perda na qualidade da comunicação, na interação social e no uso da imaginação, pode-se observar também a limitação das relações humanas e com o mundo externo. Allan, o personagem caracterizado como autista tem seu relacionamento bem restrito e sua fala é pobre, não interage com o mundo à sua volta.
De acordo com a CID-10, o autismo infantil se apresenta por um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes dos três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno é acompanhado, por exemplo, de fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade).
Segundo a ASA (Autism Society of American), indivíduos com autismo usualmente exibem algumas das características listadas a seguir:
1. Dificuldade de relacionamento com outras crianças;
2. Pouco ou nenhum contato visual
3. Preferência pela solidão; modos arredios
4. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino
5. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina
6. Não tem real medo do perigo
7. Recusa colo ou afagos
8. Age como se estivesse surdo
9. Dificuldade em se expressar - usa gesticular e apontar no lugar de palavras
10. Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente

É relevante salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porém a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança e podem variar de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma.
Muitas vezes, o autismo é confundido com outras síndromes ou com outros transtornos globais do desenvolvimento. Isso se deve pelo fato de não ser diagnosticado através de exames laboratoriais ou de imagem, por não haver marcador biológico que o caracterize, nem necessariamente aspectos sindrômicos morfológicos específicos; seu processo de reconhecimento é dificultado, o que posterga seu diagnóstico que é feito clinicamente, mas pode ser necessário a realização de exames auditivos com a finalidade de um diagnóstico diferencial.
Já a síndrome de asperger, descrita pela primeira vez em 1944 por Hans Asperger, trata-se de uma perturbação da personalidade, em contraste com o autismo infantil, onde os interesses são mais provavelmente por objetos, na síndrome de aspeger os interesses são mais por áreas intelectuais específicas.
Muitas vezes, estas crianças com asperger mostram em idade pré escolar, um interesse obsessivo por uma área específica como matemática, por exemplo, querendo aprender tudo que for possível sobre o tema e tendendo a insistir nisso em conversas e jogos. Esses interesses podem persistir até a fase adulta. No filme, o pai de John tinha obsessão por moedas que eram tratadas como seu maior bem e apenas através desse interesse que conseguia estabelecer alguns laços, como aconteceu com Savannah que conseguiu se aproximar dele se interessando também pelo tema.
Apesar de serem síndromes distintas, em ambos os casos o diagnóstico deve ser realizado por um profissional qualificado, baseado no comportamento, anamnese e observação clínica do indivíduo.
O tratamento consiste essencialmente em processos psicoterapêuticos individualizados. Ele requer intervenção em diferentes níveis, envolvendo necessariamente apoio psicológico e educacional, que devem ser prestados em colaboração estreita com diferentes profissionais (pediatras, psiquiatras, psicólogos, professores regulares e especializados). Este apoio deve incidir nas dificuldades específicas da criança, no entanto, ele deve, de uma maneira geral, incluir as áreas das competências sociais, linguagem, interesses e rotinas, motricidade, competências cognitivas e sensibilidade sensorial.
John a princípio não aceitava que seu pai tinha necessidades especiais que poderiam ser amenizadas com um tratamento adequado, o que o levou a não compreendê-lo durante muitos anos. Apenas quando tomou consciência que seus sintomas eram característicos de uma doença e não por querer passou a aceitá-lo, melhorando o relacionamento entre eles. Diferente de Allan, que era compreendido e tinha tratamentos adequados as suas necessidades, o que lhe proporcionou uma vida saudável e feliz desde o começo. Porém, o mais importante para que aja qualquer tratamento é a aceitação do indivíduo e da família de que existe algo a ser tratado.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

PALMADINHA PEDAGÓGICA


O projeto de lei que proíbe qualquer tipo de castigo físico em crianças e adolescentes tem gerado uma polêmica entre pais, educadores e especialistas do nosso País. Bater educa ou não?
Muitos se vêem divididos em torno desta questão. Alguns acham a lei abusiva e outros tendem apoiar essa medida.
O projeto, que não é recente, foi apresentado pela primeira vez em 2003 pela deputada Maria do Rosário (PT/RS), no documento oficial consta que: sob a lei n. 2.654, “Dispõe sobre a alteração da lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, e da lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2001, o Novo Código Civil, estabelecendo o direito da criança e do adolescente a não serem submetidos a qualquer forma de punição corporal, mediante a adoção de castigos moderados ou imoderados, sob a alegação de quaisquer propósitos, ainda que pedagógicos, e dá outras providências.” FONTE: Psique, 2010 n 57.
Entendemos que diante de tantas barbaridades que estamos vivenciando nos últimos tempos como o caso da menina Isabela Nardoni e do recém nascido encontrado dentro de uma sacola plástica na lagoa da Pampulha, o Estado viu se na obrigação de intervir de alguma forma para proteger nossas crianças daqueles que seriam os principais responsáveis por garantir a segurança e o bem estar dos próprios filhos.
Porém observamos, que, ao aceitar uma imposição como esta vinda das autoridades que não convivem no dia-a-dia de cada família, estamos deixando de exercer nossa autoridade como pais e delegando esse papel de suma importância para o desenvolvimento do bem estar psíquico e mental de cada ser humano para o Estado.
Compreendemos que educar os filhos não tem sido uma tarefa fácil para muitas famílias e esse projeto de lei veio para tornar o assunto ainda mais polêmico.
E você o que acha? A palmada é uma forma de educar a criança ou a conversa ainda é o melhor remédio? O Estado tem o direito de adentrar a subjetividade das famílias tentando cuidar de forma pública o íntimo de cada um? Dê sua opinião.